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Retrô 2017.

  • Britto, R.S.
  • 31 de dez. de 2017
  • 6 min de leitura

Se eu pudesse resumir o ano em uma palavra, eu diria: DIFÍCIL, se pudesse resumir em duas: Muito Difícil.


Não é de hoje que eu faço retrospectivas do ano em blog ou flog, muito menos retrospectivas e balanços mentais. Fato mesmo é que não lembro bem a quanto tempo eu não sentia essa sensação de "não aguento mais esse ano".


Facebookeando (ahaha que verbo, heim?!) me deparei com essa imagem e achei que a partir dela eu poderia guiar essa postagem de retrospectiva, e não só fazer como a globo faz todos os anos, resumindo todas as merdas do país, que acaba fazendo com que a gente fique com aquele sentimento angustiante de fracasso e tristeza e não conseguindo resgatadr nada de bom, ou de aprendizado.


Bom... antes de falar algumas coisas do ano dificil, vou responder o que eu deixo de conselho para 2018 baseado no q vivi:


- Não planeje coisas que dependam mais de uns 80% de você mesmo;

- Trabalhe no perdão e não seja tão rancoroso;

- Cobre-se e faça somente o que for realmente necessário para sua felicidade;

- Evite os "Se";

- Siga não se acomodando onde não estiver bom.


Eu iniciei o 2017 com um sentimento de contagem regressiva, e foi definitivamente a pior coisa que eu pude fazer. Eu iniciei ele contando na folinha qnto tempo faltava pra eu conseguir terminar de escrever a minha Tese, quanto tempo eu levava até conseguir defendê-la, quanto tempo faltava pra eu terminar o semestre da farmácia que tava atrasado por conta da greve, quanto tempo eu levaria até conseguir outra fonte de renda (minha bolsa acabou em fevereiro), quantos reais ou euros eu teria que ter para mudar minha vida para outro pais, e quanto tempo ia demorar para eu rever meu namorado e poder ficar junto com ele. Esse era o resumo de TUDO que eu queria, ou ACHAVA que queria no meu 2017.


Motivada por tudo de bom que essas conquistas poderiam me trazer, esqueci que prazos e auto cobranças costumam desestabilizar qualquer mente e corpo. Quisera eu, ter me dado conta disse cedo, mas não, eu e minha mania de achar que podia abraçar o mundo enquanto tinha o controle de tudo, me deram um baita rapadão.


Ainda que amigos e parentes achem que podem imaginar o quanto eu corri atrás e o quão angustiada eu fiquei durante esse tempo, eu arrisco a dizer que ninguém além das forças extra-terranas vieram a saber do esforço que eu fiz para tudo sair conforme eu gostaria, o quanto eu dei o meu melhor e consequentemente o quanto eu sofri e ainda sofro quando vi tudo escorrer por entre os dedos quando tudo que eu tanto planejei foi se desconstruindo.


No inicio do ano passei o verão com meu computador no colo, debaixo o ar condicionado e também abdiquei do carnaval para que pudesse adiantar tudo do meu doutorado para ir viajar em março para Portugal. Amigos ficaram com muita mágoa da minha ausência em jantas, aniversários e outras datas importantes para eles. Mas enfim eu consegui fazer com que o final da escrita ficasse lá de Portugal, e lá mesmo encerrei e enviei a versão final para os orientadores. Eu estava semi-plena, naquela oportunidade eu estava viajando pra um lugar que eu amo, encerrando a escrita, do lado do cara de eu amava e de quebra tentando fechar contatos com professores para tentar uma bolsa pós-doc.


Usei tudo que foi bom na construção de meus pensamentos para voltar para lá, multipliquei meus sentimentos pelo cara que eu gostava, somei sonhos, idealizei e conversei muito sobre todas minhas vontades de viver a vida lá, só não me dei conta que vários planos embora conversados e acordados, eram para aquele momento, e muitos não dependiam só de mim e do meu esforço. Eles eram e ainda são coisas mutavéis.


Voltei para o Brasil, trabalhei nas correções, finalizei os manuscritos, corri atrás dos membros da banca, marquei a data da defesa, imprimi a versão final e quando eu achei que um dos maiores problemas chegara ao fim, ingrata idéia, era só o começo do inferninho astral que o ano tinha pra mim.


Meu programa de pós-graduação, que acredita ser alguma coisa q preste, tem regras que se sobrepõem as da Capes, pra eles mesmo eu tendo escrita e defendida a minha tese, e uma banca ter me considerada aprovada, eu não poderia receber o título porque, segundo as regras do programa, eu não tinha nenhum dos meus artigos aceitos, e ia ficar sem o título até o aceite de um deles. Nessas alturas eu ja tinha um artigo submetido para uma merda de uma revista a mais de 5 meses... e eles só enrolavam para dar a resposta, que óbvio que foi negativada após qse 7 meses.


Isso foi me angustiando pois, se já n fosse todo o desgosto somado durante os anos que vinha me dedicando para a academia, também teve todo esse período final de dificuldade com a parte escrita da tese.


Dai em diante começou a bater o desespero para arrumar logo um jeito de recomeçar minha vida, eu queria estar em outro lugar e com outas pessoas da minha volta, mas pra tudo isso eu ia precisar de renda (e trabalho) e programar tudo dentro de pouco tempo, para ter a minima chance das coisas darem certo.


Como último sopro de esperança e para ativar minha loucura e obsessão por tudo TER que dar CERTO surgiu uma hipótese de bolsa pós-doc fora. Corri com correções e fazia isso mais de 10 vezes entre orientadores daqui e de fora tentando um jeito de ter um dos manuscritos aceitos e o consequente título para poder concorrer para a bolsa. Esquece! A partir dai, eu perdi o controle, eu n podia fazer nada alem do que eu fazia, minha angustia, intolerância e nervosismo pudiam ser sentido por todos. Inclusive do outro lado do oceano.


Resumo de tudo, as coisas não dependiam de mim, mas mesmo assim a pressão q isso tava gerando agiram conta mim mesma, meu namorado se sentiu pressionado a ter q viver a vida que eu tava obcecada em conseguir e ficou mal com a obrigação de ter que corresponder as expectativas que EU tinha. Não tinha mais vontade de viver junto, não gostava tanto ao ponto de se sentir mal como estava se sentindo e resolveu que não tinha mais sentido ficarmos juntos mesmo a distância. Meu mundo caiu.


Ainda assim na carreira , com um pouco de receio de “abandonar” a que construí, relutei e cogitei esse futuro de pós-doc, principalmente fora do Brasil, ainda que todos soubessem que no fundo tinha muito da minha realização pessoal atrelada a profissional. Enfim que a vida resolveu me sacudir, e tirar a maior motivação do momento que eu tinha e de quebra também acabei por saber que a bolsa para qual eu tanto corri, na verdade era uma HIPOTESE, e que inclusive já tinha sido dada a outra aluna, já que meu artigo e meu titulo não saiam.


Isso, com muito custo me faz repensar mais uma vez sobre o que significava seguir na pesquisa. Foi um período muito difícil e doloroso para mim essa segunda metade de ano. Depois de algumas ajudas de amigos, espiritualidade e psicoterapia, resolvi assumir e aceitar que, pelo menos por hora, eu precisava deixar essa carreira.

PRONTO RESOLVI O QUE NÃO QUERIA E O QUE EU N PODIA TER, mas e agora?!


FOI DESESPERADOR, eu já tenho problemas em ter 30 anos e n ter adquirido nada na vida, não estar satisfeita com a carreira q escolhi, não ter conseguido construir família e agora aconteceu mais isso.


Me vi limitada a escolher a única coisa que eu ainda tinha na mão, usei o dinheiro que juntei até então, para mudar de cidade e nos próximos 3 anos, comprar alguns moveis para mobiliar meu quarto e me dedicar para me terminar o outro curso que eu fazia, na esperança de poder trabalhar e não ganhar bolsas.


Foi um período muito difícil de readaptações a coisas físicas e principalmente psicológicas: morar com outras pessoas, ter uma nova rotina de provas, trabalhos, horários de aula, fazer novas amizades, perdem o conforto de viver em uma casa com tudo alem do conforto de me deslocar com carro, passar a viver sempre com medo da violência da rua, me privando de coisas e programas por não ter muito dinheiro. O pior de tudo ainda foi ter que conviver por um bom tempo com um sentimento de insatisfação pesado, nada que eu estava fazendo por melhor que fosse, era o que eu queria q tivesse acontecido pra mim, chorei muito, minha cabeça fervia e meu peito passou tempos apertado. Senti culpa muitas vezes, senti que eu estava sendo ingrata com as novas oportunidades que a vida deu, mesmo tentando fazer sempre o melhor que eu pude. E eu vi também que eu não tava preparada para perder nada e nem preparada para entender a escolha dos outros nem de aceitar isso de forma que ficasse em paz comigo mesma.


Eu realmente tive que aprender a viver um dia de cada vez, cada um com seu peso e esperar que o outro dia fosse melhor.


Com o final do mês e ano, tudo de MUITO ruim já se amenizou, centralizo hoje em aceitar as coisas e as pessoas que me magoaram, foco em terminar o que eu comecei no curso, tento ver o lado bom do que não gosto de passar, sou agradecida pelas pessoas de luz que estiveram sempre do meu lado nos momentos mais difíceis. E espero o 2018 cheia de esperança que minha alma ganhe o alento que eu acho que mereço.




 
 
 

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