Lembranças tem cheiro
- Britto, R.S.
- 25 de nov. de 2017
- 4 min de leitura

Fiquei pensando que curioso é o fato de certos cheiros que sentimos no nosso dia-a-dia nos remetem instantaneamente a lembranças, sejam elas de pessoas, situações ou locais. Eu não sei pros outros mas pra mim da uma sensação é praticamente a voltar naquele lugar com algumas pessoas. E tão curioso, que eu chego a lembrar das coisas com muito detalhes.
Tipo, tem um cheirinho de bolo comum... purinho... que sempre que sinto lembro da minha vó e de uma tia avó. Mas não é só uma lembrança do tipo, ah minha vó fazia, não! Inclusive acho que não foram muitas, nem seguidas vezes que minha vó fez, mas eu lembro exatamente de sentir aquele cheiro só num domingo, na cozinha do hotel da minha família, bem no final da de tarde. Incrivelmente aquele cheiro me leva lá de volta, com aquele balcão de mármore branco, com aqueles azulejos azuis nas paredes, e portas em plastico ressecado que nunca fechavam, junto a isso também me veem a lembrança daqueles 5 copos de leite com nescau em sequência, pra eu e meus 4 primos tomarmos, vovó acho que nunca soube, mas eu detestava aquele leite que ela fazia, mas nunca fiz desfeita! hehe
Cheiros a perfumes são matadores pra mim. Tanto os que as pessoas usam, quanto os que uso em dados momentos da vida. Tipo a primeira pessoa que sinto alguma fragrância de um perfume, na minha mente fica meio que dono dele, e podem passar anos e outras pessoas usarem mas aquele perfume ainda será do fulano. Tem um cara que já vão fazer quase 20 anos que conheci, e ele n representou nada na minha vida, mas até hoje toda vez q sinto cheiro do perfume lembro dele, mesmo nunca mais tendo visto.
Como disse, perfumes que eu uso também, me fixam pessoas e momentos. Sou meio chata com cheiros e custo muito a trocar ou inserir novas fragrâncias de perfumes. Mas as vezes é bom, afinal acaba fazendo com que cada fase da vida, tem um cheio com ela.
Com meu primeiro namorado eu usei um perfume (por acaso ficou absurdamente caro), mas que mesmo depois de anos, enquanto eu ainda o tinha, toda vez que colocava ele me vinha imagem clara em especial de casaco rosa com azul que eu tinha. Esse cheiro me remete a imagem de eu tirando ele e colocando em cima de uma cadeira da escrivaninha, em um quarto dentro de uma casa de madeira, que ficava um breu. Quem sabe o cheiro em tal situação não ficou mais marcante pelo fato de eu enxergar pouco e no caso o cheiro se destacar... (hehe, hipoteses vai saber!).
Um pouco antes de eu ir morar em Aveiro pela segunda vez, eu comprei para testar um perfume da linha pergolese, que eu sempre usei, mas esse era uma fragrância adocicada. Usei ele a primeira e mais infinitas vezes que sai com meu namorado de lá, e não preciso dizer que ainda é muito difícil sentir o cheiro desse perfume em mim de novo, por que ele tem cheiro de sábado a noite, sábados que eu me arrumava me perfumava e ficava esperando o boy voltar de sua cidade, passar la na minha casa pra sairmos pra uma cerveja e depois ficar aproveitando o domingo de folga.
Falando em Aveiro, Aveiro tem um cheiro muito único, que eu também não vejo a hora de senti-lo novamente. Eu já tinha reparado que entre a primeira e segunda vez que lá estive, ao entrar nas casas para alugar, tinha um cheiro muito comum e característico, que eu ainda não havia captado. Depois de umas três semanas lá, uma amiga fez um comentário que fez muuito sentido. Aveiro tinha um cheiro a madeira muito peculiar, as aberturas tinha mesmo cheiro, e aquilo exalava por toda a casa, normalmente quanto mais antiga a casa mais exalava. Não é um tipo de cheiro que sinto agora aqui no Brasil, mas fato é q eu conto os meses, dias e horas para senti-lo novamente.
Ainda tem aquele clássico cheiro de terra molhada, que para quem não sabe nada mais é que o substancia liberado pro uma bactéria ao ficar úmida, me remete novamente aos domingos de chuva no hotel dos meus avós.
O gran finale e melhor dos melhores cheiros é o cheiro daquele paninho que temos junto da chupeta quando pequenos.
Com o passar dos anos eu passei a sentir muito prazer e uma sensação de aconchego muito grande quando cheirava meu travesseiro e algumas roupas minhas, e comecei a me ligar que o cheiro que eu sentia era o meu mesmo, não de perfume, nem de sujeita mas o cheiro do meu corpo. Ali me liguei que era exatamente aquele cheiro que meu "paninho" quando eu era criança tinha. E como tive uma infância muito feliz e coberta de carinho, ao sentir o meu próprio cheiro em uma fronha ou roupa, acabo voltando no tempo, e na imagem de eu com sono esfregando as cutículas das unhas naquele pano que tava sempre perto do meu nariz.
Queria ver eu chateadíssima?! O dia que minha mãe pegava meu "cheiro" escondida e lavava....era o fim!
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