A arte de saber resolver o problema alheio.
- Britto, R.S.
- 22 de out. de 2017
- 4 min de leitura

Ainda que tenha sido um assunto discutido na minha terapia e também com uma amiga, acho super válido deixar alguns dos meus pensamentos e opiniões sobre tal aqui também.
Ando em uma fase muito difícil da minha vida, principalmente ao considerar o tipo de pessoa que sempre fui e a personalidade divertida e alegre que sempre vendi e vivi. A algum tempo devido a tudo que aconteceu e principalmente ao que não aconteceu, venho enfrentando e convivendo com muitos sentimentos no mínimo angustiantes e relativamente tristes, sendo eles descontentamento, incompreensão, não aceitação, frustração, desmotivação, cansaço, intolerância, entre outros. E é da intolerância e sentimentos em consequência disso que eu vou falar.
Eu entendo que pessoas, principalmente amigos conversem e aconselhem querendo o nosso bem, mas existe uma linha tênue entre aquelas palavras terem um resultado de conforto e uma absurda inconveniência.
Na maior parte das vezes que isso aconteceu me senti absurdamente ferida e agredida pelo comportamento dessas pessoas, mesmo tendo plena consciência que ninguém obviamente falou por mal, ou com essa intenção. Resumo de tudo, percebi que aos poucos preferi evitar pessoas e comecei a me sentir confortável em um ambiente que só tinha eu e objetos que não interagem muito comigo.
Todas acham que entendem o que passamos e sentimos, por isso se acham na razão de ter a solução dos nossos problemas através de um conselho, sem ao menos se dar conta que a gente em nenhum momento pediu isso.
Eu não entendo por que toda vez que alguém me faz um questionamento sobre algo da minha vida, não faz isso só para tentar me entender ou pelo simplesmente me escutar, a pessoa tem que fazer a pergunta já no intuito de saber responder como ELA faria, ou pior que isso, o que ela ACHA que eu tenho que fazer, SENDO O MELHOR PRA MIM.
Além disso, percebi também que as pessoas não conseguem muitas vezes respeitar a maneira com que agimos e nos adequamos a esses momentos difíceis em que nos encontramos. Mesmo sem querer elas julgam sempre, deixando subentendido que acham que estamos assim por que queremos e por que não tentamos fazer nada para mudar.
Exemplo?!
A frase que talvez mais eu tenha escutado esses últimos tempos é: "Ahh agora tens que sair, conhecer outras pessoas, aproveitar os colegas, tens q te obrigar a isso, mesmo que n tenhas muita vontade no início".
90% se não mais, das vezes que ouço isso acabo não falando mas mentalmente penso assim: pra essa pessoa tá me aconselhando isso, ela não deve fazer ideia da minha luta individual com coisas muito mais banais e menos desafiadoras que uma festa ou interação com pessoas. Elas não imaginam o quão difícil é estar assim e simplesmente todas as noites deitar no travesseiro e não conseguir conter o aperto no coração e chorar até o nariz entupir, depois lutar pra acordar de manhã, cansada, levantar da cama para seguir em uma rotina super cheia de horários e desafios que foram um plano B da vida, que aos 48 do segundo tempo passaram a plano A, e único.
As pessoas alem de aconselharem coisas que eu tenho certeza que não me fariam bem nesse momento, ou então que até me faria pior do que estou, acabam por não reconhecer as pequenas coisas que eu TENTO executar todos dos dias, que mesmo sendo insignificantes ou básicas socialmente, são um desafio pra mim.
As vezes eu me influencio pelo que todos falam: "Ah mas tem q sair de CASA temm que conversar com as pessoas" e acabo por abrir mão da minha zona de conforto atual que é meu canto, minha casa, meu quarto e me ponho em situações que não precisam mais de 10 min pra morrer de arrependimento. Muitas vezes no intuito de agradar e se parecer interessadas em ajudar nos meus problemas, acabam novamente sendo invasivos e inconvenientes com assuntos, perguntas e explicações que eu ainda nem sempre sei dar pra mim mesma.
Por fim, ainda destaco uma das piores partes dessa linha de inconveniência dos conselheiros alheios, a parte que eles pressupõem que só por que estamos tristes e frustadas perdemos a capacidade de ter consciência que nem tudo na situação é ruim, e que as coisas vão melhorar.
Eu tenho sim consciência disso, sei que mesmo sem conseguir entender ainda, talvez tenha sido o melhor ter acontecido dessa forma, eu também tenho capacidade de pensar que tudo vai ficar melhor, com o tempo. Porém esses fatos não anulam a dor que sinto pela frustração do que não foi como eu programei e quis. Além disso, a gente não saber muito o que nos faz feliz fora daquele plano traçado e programado é muito doloroso. Eu sei que a felicidade, realização e recomeço existem e são alcançáveis, mas de fato não espero que eles cheguem através de conselho de quem eu, felizmente, não pedi.

Para quebrar um pouco o clima, por que tenho consciência que esse post foi um pouco áspero e agressivo, uma figura que ao meu ver retrata mais ou menos o que as pessoas acham que a gente pensa, quando estamos mal...
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